A jornalista Alinne Werneck formalizou, nesta semana, uma queixa-crime junto ao Ministério Público do Estado da Bahia contra o criador de conteúdo digital Renato Pereira, titular do canal “Canal do Pereira Raja Luz”, hospedado no YouTube. A denúncia foi motivada por uma live transmitida no dia 23 de maio de 2025, em que a imagem da comunicadora foi usada de forma indevida, acompanhada de graves acusações sem qualquer respaldo fático ou documental.
Segundo o relato da jornalista, o conteúdo da transmissão promoveu ataques caluniosos, difamatórios, injuriosos e de forte teor misógino. Renato Pereira teria exibido fotografias extraídas do perfil pessoal de Alinne no Instagram e associado sua imagem, bem como a da emissora Rede Globo — com a qual mantém vínculo profissional — a supostos crimes, numa abordagem descrita como sensacionalista, leviana e com o claro intuito de fomentar ódio e destruir sua reputação pública.
Além das acusações sem provas, a live incluiu comentários sexistas e pejorativos, reforçando um padrão de comportamento agressivo já atribuído ao criador digital em episódios anteriores. De acordo com a queixa, há registros policiais contra Pereira por divulgação indevida de imagens íntimas de outra mulher, o que evidencia uma prática recorrente de violência de gênero em ambiente digital.
Após a veiculação da live, a jornalista relatou ter se tornado alvo de comentários de ódio, ameaças e humilhações públicas nas redes, com reprodução e compartilhamento do conteúdo ofensivo por terceiros. A identificação dos envolvidos já está em curso para responsabilização solidária.
A defesa de Alinne, representada pela advogada criminalista Elizângela Gemaque de Almeida, fundamentou a denúncia nos seguintes crimes previstos no Código Penal: calúnia (art. 138), difamação (art. 139), injúria qualificada (art. 140, §3º), incitação ao crime e ao ódio (art. 286), bem como violação do direito à imagem (art. 20 do Código Civil e art. 5º, X da Constituição Federal). A denúncia também invoca o Marco Civil da Internet (Lei nº 12.965/2014) quanto à responsabilidade sobre conteúdos ilícitos em ambiente digital.
Entre os pedidos formulados ao Ministério Público estão a instauração imediata de inquérito policial, a adoção de medidas cautelares como a identificação de IP e titularidade da conta do canal, a retirada do conteúdo ofensivo, o bloqueio de novas publicações difamatórias e a responsabilização dos usuários que replicaram o material.
Além disso, a jornalista solicita o oferecimento de denúncia formal contra Renato Pereira e, caso o risco de exposição persista, a concessão de medida protetiva para garantir sua integridade física e psicológica.
A queixa ressalta que a liberdade de expressão não pode ser usada como escudo para práticas criminosas, especialmente quando direcionadas à exposição vexatória de mulheres em ambientes digitais. Para Alinne Werneck, a ação representa um passo necessário na defesa da honra, da dignidade e da integridade de profissionais da comunicação constantemente atacados nas redes.
A íntegra das lives citadas na queixa está preservada e pode ser conferida nos links:
https://youtu.be/EcVsKoWTQZ8
https://youtu.be/8_vMva1bPHU
A emissora Rede Globo manifestou apoio institucional à jornalista e colabora com a produção antecipada de provas. O caso segue sob análise do Ministério Público, que poderá se manifestar nos próximos dias sobre os pedidos apresentados.