Eunápolis (BA) – O brutal assassinato de Weverton Santos, motorista de aplicativo e segurança patrimonial, gerou comoção em toda a cidade de Eunápolis e acendeu o alerta para a crescente atuação de facções criminosas na região. Em entrevista exclusiva concedida à jornalista Alinne Werneck, o delegado titular da Polícia Civil, Marcos Reis, trouxe detalhes sobre o caso e os desafios enfrentados nas investigações.
Segundo o delegado, Weverton era uma pessoa sem histórico criminal, conhecido por seu comportamento íntegro e trabalhador. A suspeita inicial aponta para a possibilidade de que a vítima teria, supostamente, repassado informações privilegiadas sobre a atuação de uma organização criminosa. No entanto, essa versão ainda não foi confirmada, podendo ser apenas uma estratégia da facção para desviar o foco das investigações.
“A vítima não tinha envolvimento com o crime nem mesmo como usuário de drogas. Era um trabalhador. Infelizmente, foi vítima de um grupo que está tentando se expandir em Eunápolis e região”, afirmou Marcos Reis.
O delegado destacou que esse não é um caso isolado. Há outros desaparecimentos de motoristas com modus operandi semelhante: sequestro, tortura, execução e ocultação dos corpos. Os motivos variam, e em alguns casos, motoristas estariam sendo usados para o transporte de drogas, armas ou membros das facções. “Precisamos ter cuidado, pois muitos são pais de família honestos, mas há quem se utilize da profissão para apoiar o crime”, explicou.
Reis também negou a existência de um “cemitério clandestino” fixo. “Não há um local específico. Eles fracionam a execução do crime e dividem as etapas – sequestro, homicídio e ocultação – entre diferentes membros, o que dificulta o rastreamento completo pela polícia.”
O delegado relatou ainda que, em ações anteriores, a polícia chegou a locais onde corpos estavam enterrados, mas durante a madrugada, os criminosos retornaram, desenterraram os corpos e os ocultaram em outros pontos. “É uma estratégia para desaparecer completamente com as provas e evitar responsabilizações”, afirmou.
Apesar das dificuldades, o delegado reforçou o empenho das forças de segurança, incluindo Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e Polícia Civil. Ele apelou para que familiares e a população se aproximem das autoridades e compartilhem informações. “A dor das famílias também é nossa. Estamos engajados em dar respostas e garantir dignidade às vítimas.”
O caso de Weverton Santos está sendo tratado como prioridade pela Polícia Civil de Eunápolis. A população local segue mobilizada em busca de justiça e segurança diante do avanço da violência.