Eunápolis (BA) – Uma cidade onde o básico falta, mas o supérfluo é prioridade. Enquanto uma criança com síndrome de Patau, uma condição genética gravíssima e rara, sofre sem acesso a medicamentos, sem leite especial e sem apoio contínuo do poder público, a Prefeitura de Eunápolis decidiu pagar até R$ 350 mil por um único show da banda Falamansa durante o Pedrão 2025.
O contraste é estarrecedor. De um lado, uma família desesperada, enfrentando o descaso da rede pública de saúde, lutando para garantir o mínimo para a sobrevivência de uma criança indefesa. Do outro, a máquina pública celebrando contratos milionários com artistas, num evento que se tornou símbolo de luxo em meio à carência social.
A pergunta que ecoa nas ruas e nas redes é uma só: qual é a prioridade da gestão pública?
É justo investir centenas de milhares de reais em entretenimento enquanto vidas frágeis são negligenciadas?
Quantas latas de leite especial, quantas consultas médicas, quantos remédios poderiam ser garantidos com esses mesmos R$ 350 mil?
A banda Falamansa, embora respeitada artisticamente, torna-se aqui um símbolo de um problema muito maior: a inversão de valores no poder público.
Eunápolis, como tantas cidades do Brasil, padece de uma gestão que muitas vezes prefere aplausos e holofotes ao dever com os invisíveis.
Essa realidade precisa ser denunciada, questionada e cobrada. Porque festa nenhuma pode ser motivo de comemoração quando uma criança está definhando por omissão do Estado.
E não é só sobre política. É sobre humanidade.