EUNÁPOLIS (BA) — O que antes era sinônimo de luta pelos direitos dos professores, hoje se tornou motivo de revolta na rede municipal de ensino. A professora Jovita Lima, conhecida por sua longa atuação à frente do sindicato APLB, onde defendeu por anos melhores condições para a categoria e qualidade na educação, agora protagoniza uma das gestões mais criticadas à frente da Secretaria Municipal de Educação de Eunápolis.
Desde que assumiu o cargo, Jovita Lima acumula reclamações de pais, alunos e profissionais da educação. Salas de aula vazias por falta de professores, estrutura precária, redução da carga horária e silêncio diante dos problemas compõem o cenário enfrentado por escolas da cidade — em especial, nas periferias e zonas mais vulneráveis.
O caso mais recente escancarou a crise: uma turma do 4º ano do turno vespertino da Escola Municipal Luiz Lázaro Zamenhof foi liberada antes do horário regular por falta de professor, conforme comunicado enviado aos pais. O episódio é apenas um entre tantos que expõem o colapso da rede municipal sob sua administração.
A ironia não passou despercebida pela comunidade: a mesma Jovita que ocupava o microfone em assembleias e liderava greves em defesa da educação agora é apontada como a responsável direta pelo sucateamento do ensino público na cidade. O contraste entre o discurso de outrora e a prática atual é visto como uma traição aos ideais que um dia a tornaram referência entre os educadores.
A pergunta que ecoa nos corredores das escolas e nas rodas de conversa entre servidores é direta: o que aconteceu com a professora que um dia lutou pela escola pública?
A indignação cresce à medida que a Prefeitura segue priorizando investimentos milionários em eventos festivos e shows, enquanto o alicerce da sociedade — a educação — é deixado à deriva. Para muitos, a gestão de Jovita Lima já se configura como a pior da história recente de Eunápolis.
A cidade assiste perplexa à queda de uma antiga liderança que, ao assumir o poder, abandonou o compromisso com aqueles por quem dizia lutar. A professora virou secretária. A sindicalista virou gestora. Mas a educação perdeu. E perdeu muito.