Em um cenário onde a ética parece ter se perdido entre as páginas da história política brasileira, Eunápolis se torna um microcosmo das mazelas que afligem nosso sistema eleitoral. A iminente posse de vereadores com fichas repletas de ilícitos, mesmo diante de um mar de escândalos que mancham a credibilidade das instituições, é uma afronta à lógica democrática e à esperança de um futuro mais justo.
A sociedade brasileira, já cansada de assistir a um desfile interminável de denúncias de corrupção, desvio de verbas e manipulação eleitoral, se vê diante de mais um capítulo dessa tragédia. O uso de “laranjas” em partidos políticos, um artifício que visa esconder a verdadeira face da corrupção, levanta questões inquietantes sobre a integridade dos representantes escolhidos para legislar em nome da população.
O juiz eleitoral de Eunápolis, ao decidir empossar vereadores com extensas fichas de crimes, parece ignorar o clamor da sociedade por uma política mais transparente e responsável. Essa decisão não é apenas uma questão legal; é uma questão moral. A mensagem que se transmite é clara: a impunidade continua a imperar, e os interesses pessoais e partidários sobressaem ao bem comum.
A situação se agrava ao considerarmos o fundo partidário, um recurso que deveria servir ao fortalecimento da democracia, mas que tem sido alvo de desvio e apropriação indevida. Como confiar em representantes que já demonstraram, em suas trajetórias, desprezo pelas normas e pela ética? A resposta é simples: não se pode.
A Justiça Eleitoral, em sua função de guardiã da democracia, deve agir com rigor diante dessas situações. A nomeação de vereadores com histórico de ilícitos não apenas deslegitima a vontade popular, mas também enfraquece a confiança nas instituições. É um ciclo vicioso que alimenta a descrença e o cinismo, afastando os cidadãos da política e da participação ativa.
A hora é de reflexão. A sociedade deve se mobilizar, exigir transparência e responsabilidade, e não permitir que a normalização da corrupção se torne a norma. A resistência contra essa cultura de impunidade é fundamental para que possamos sonhar com um futuro onde a política seja sinônimo de ética, justiça e compromisso com o povo. Se Eunápolis se tornar um símbolo da tolerância à corrupção, que sirva também como um alerta: a democracia é frágil e precisa ser defendida com vigor.